MITO DO ENEAGRAMA

Andrei nasceu há 3 mil anos atrás, com características distintas de outras pessoas. Desde a infância sabia que possuía dons ou como ele mesmo denominava “esquisitices” que fariam com que sua vida fosse totalmente solitária. Sua mãe sempre lhe dizia: “Quanto maior for seu poder, mais solitário você será”.
Andrei cresceu e se tornou um jovem cuja beleza era admirável, mas algo o incomodava: ele podia ouvir as pessoas, podia compreender seus anseios, podia entender suas falhas, pois tinha ciencia que todo ser humano é apto a falhar... Na realidade, nem todos. Para Andrei, suas falhas não eram justificadas e nem perdoadas.
Embora fosse muito popular, ele compreendia o seu destino, mas não o aceitava. Suas esquisitices afastavam todos que pudessem edificar em sua vida amizades verdadeiras. Mas o tempo fez tudo mudar. Em uma tarde, sentado embaixo de uma árvore frondosa, Andrei começou a questionar à sua criação. Queria respostas. Por que podia ouvir e entender outras pessoas e não conseguia entender quem era e qual seria seu papel no mundo? Por que vivia uma vida de segredos por medo de ser abandonado e chegava à conclusão que sempre estivera sozinho? Então se esconder da realidade seria o único meio de possuir um futuro menos frio e cinza? O que fazer? Por que viver?
Por que? Por que?
Andrei entrara em conflito existencial. Queria descobrir quem era de fato. Em meio a seus questionamentos algo surpreendente acontece. Uma voz o chama: Andrei, Andrei!
Ele olha para os lados tentando descobrir de onde vem aquela voz, mas nada encontra. Logo imagina que além de estranho, acabara ficando louco.
- Andrei por que viver fugindo? Não percebe que seu chamado é superior a qualquer trauma ou frustração você tenha passado? Por que não encara o fato de que sua missão só terá início quando você começar a se aceitar com todos seus defeitos e qualidades? Será que não percebe que somente quando aceitar as diferenças como virtudes poderá verdadeiramente usufruir uma vida completa?
Andrei embora assustado, começa um momento de auto-análise. Ele procura absorver toda profundidade contida nessas frases.
A voz continua:
- Andrei, saiba que somente os fracos impõem suas idéias e controlam as pessoas. Os fortes de verdade são aqueles que expõem suas idéias e respeitam as diferenças.
- Por que escuto os outros? Por que sirvo de consolo e nunca consigo abrir meu coração? O que esse dom significa? Pergunta Andrei.
- Meu querido Andrei, aprenda em primeiro lugar que a arte de ouvir é tão ou até muito importante do que a arte de falar. Sábios são aqueles que fazem do silêncio sua maior fonte de sabedoria. Você é aquilo que emana de seu coração, portanto, se aceite para que a essência de toda sabedoria possa fluir de seus poros.
Andrei parecia anestesiado com tamanha informação. Por um momento pôde se sentir especial em ter a facilidade de compreender o ser-humano. Naquela tarde, Andrei se perdoou e se amou pela primeira vez. Naquela tarde, ele descobriu quem era, naquela tarde, Andrei fez uma viagem ao interior de seu ser e tomou uma decisão: Fazer com cada indivíduo descubra que o propósito de viver é buscar a felicidade, mas para isso, é necessário que as diferenças dêem lugar há uma fonte inesgotável de descobertas.
Andrei viveu 90 anos espalhando sementes de sabedoria e autoconhecimento pelo mundo. Pregou a liberdade de valores, a ausência de censuras; deixou bem claro a todos, que somos aquilo que pensamos e permanecemos através daquilo que edificamos neste mundo.
Naquela tarde, Andrei criou o Eneagrama (que até hoje é usado por grandes empresas, para treinamento de seus executivos) e com isso trouxe ao mundo a chave que destrancaria as portas da escuridão de uma vida vazia e que revelaria à sua verdadeira essência.

Por: Rebeca Christie